Entre os séculos I d.C. e finais do século III, início do IV,
Felicitas Iulia Olisipo produzia e exportava grandes quantidades de derivados de peixe - como o
garum, um molho de peixe fermentado, muito apreciado por toda a população. Uma grande parte das unidades de preparação de complementos à base de peixe situava-se no complexo produtivo da cidade, junto ao rio, entre a zona onde hoje se encontra a Casa dos Bicos e a Baixa Pombalina.
Durante as intervenções arqueológicas, no âmbito do estudo e valorização da Cerca Velha, descobriu-se um muro de uma destas unidades de derivados de peixe, virado a sul, com marcas de remodelações e alterações do espaço, uma evidência da dinâmica da produção piscícola da época. Estes vestígios juntaram-se, assim, ao conjunto de anexos e tanques destinados à salga de peixe e preparação de molhos de peixe (
cetárias) que já se conheciam.
Além destes achados, há ainda um troço da muralha, construído a partir do final do século III (em parte com elementos arquitetónicos reaproveitados), com cerca de 18 metros de extensão e uma espessura entre os 3,2 e os 4,2 metros, e que inclui o que resta de uma torre semicircular.
Uma parte destes vestígios pode ser visitada no Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos.