Placa monumental, de calcário lioz, provavelmente destinada a ser colocada no frontispício de um imponente jazigo de família, apesar de um rebordo no dorso ter induzido à sua interpretação inicial como tampa de sarcófago. A epígrafe possuía uma moldura que foi picada, muito possivelmente na sequência da sua reutilização como pedra de altar na capela de São Julião. Perdeu, também, a primeira linha da inscrição - que tinha sido registada no século XVII -, provavelmente quando foi deslocada para a Quinta de A-da-Rainha, entre 1633 e 1861, tendo sido doada ao Museu Municipal Leonel Trindade já no início do século XX pelo então proprietário da herdade.
A escrita é do tipo
capital quadrada e a paginação clássica: na primeira linha, a consagração aos
deuses Manes; nas três linhas seguintes, a identificação do marido e do filho da dedicante; nas duas últimas linhas referem-se os laços familiares e as circunstâncias da edificação do monumento.
A onomástica é latina e a qualidade e dimensão do monumento estão de acordo com uma família pertencente à
ordo decurionum, de origem itálica, não obstante a relação com elementos indígenas atestada pelo
cognome Avitus.
Embora não se refira em que município
Q. Caecilius Caecilianus exerceu o cargo, a sua presença no
ager olisiponense indicia tratar-se de um magistrado municipal de
Felicitas Iulia Olisipo.
À semelhança de outras lápides romanas que se encontram aplicadas na capela de São Julião, também esta deverá ser proveniente da zona sepulcral de uma
villa já identificada nas proximidades.