Esta área da zona baixa de
Felicitas Iulia Olisipo, localizada junto à margem do Tejo e do braço de rio que, na altura, ligava as duas ribeiras (Arroios e Valverde) que corriam a céu aberto e se uniam na atual zona da Praça da Figueira, ficava já no exterior do recinto muralhado da cidade, junto à
via (estrada) Sudoeste da cidade.
A partir de meados do século I a.C., foi utilizada como espaço funerário onde se praticaram rituais de
inumação e
cremação mas, em meados do século I d.C., sobre esta
necrópole, foi construído um complexo de produção de preparados de peixe que se manteve ativo até ao século V d.C.. As escavações arqueológicas identificaram 31
cetárias (tanques de salga de peixe) e algumas construções de apoio, assim como uma zona residencial. Foi posta a descoberto parte da casa e do seu
balneário, com várias piscinas e banheiras, destacando-se uma das salas que conservou o pavimento em mosaico.
O espólio arqueológico recolhido é representativo da importante e abundante produção cerâmica das olarias locais e regionais mas, também, da grande dinâmica comercial do porto de
Felicitas Iulia Olisipo, como indica a presença de vários recipientes cerâmicos importados da
Bética (província romana correspondente,
grosso modo, à atual Andaluzia), de Itália e do Norte de África.
Após o abandono desta unidade fabril, no século V d.C., o eixo viário continuou a ser utilizado e esta área recuperou o seu carácter periurbano, onde foi identificada uma sepultura isolada alto-medieval.