Uma enorme unidade de preparados de peixe, um dos produtos mais exportados por
Felicitas Iulia Olisipo, erguida num local que, à época, se encontrava fora dos limites da cidade. De planta retangular, com 1500 metros quadrados de área, esta unidade terá tido uma capacidade máxima de produção de 500 metros cúbicos, suficiente para encher 15 mil
ânforas. O complexo terá funcionado durante cerca de 500 anos, entre os séculos I d.C. ou II d.C. até aos séculos V ou VI, embora o ritmo de produção não tenha sido constante ao longo do tempo.
Foram escavadas 34
cetárias, organizadas em redor de um pátio central. Entre esse pátio e a principal fileira de tanques existia um corredor de circulação, que continha
cetárias mais pequenas e algumas estruturas circulares, relacionadas com a limpeza da área de produção de preparados de peixe. A maior parte dos vestígios encontrados são do período final de laboração da unidade fabril, mas a descoberta de um conjunto significativo de
ânforas do tipo Dressel 14 permitiu aos investigadores situarem o início de produção nos séculos I ou II d.C..
Esta unidade de produção de preparados piscícolas tem uma grande importância no quadro económico do estuário do Tejo e da própria província da
Lusitânia, além de representar um elemento inovador na organização espacial deste tipo de estabelecimentos, que se instalavam numa área muito mais extensa da zona ribeirinha do que se pensava. Até à sua identificação, as unidades conhecidas concentravam-se na atual Baixa, em torno do esteiro do Tejo e da margem do rio, ao passo que o local da Casa do Governador da Torre de Belém é periférico.
Uma parte dos vestígios é visível no local.