Uma
via secundária, que partia da estrada principal onde hoje se encontra a Praça da Figueira, dava acesso ao
circo - e ao longo desse caminho, de um lado e do outro, distribuía-se a
necrópole.
Construído fora dos limites da cidade, para lá da muralha de
Felicitas Iulia Olisipo, no atual Rossio, o
circo era o local de lazer por excelência, onde decorriam corridas de bigas e quadrigas (de dois e de quatro cavalos), além de lutas de animais, e onde se organizavam eventos comemorativos.
O que resta do
circo de
Felicitas Iulia Olisipo foi descoberto inicialmente durante as obras do Metropolitano de Lisboa por Irisalva Moita, em 1961. Nessa altura, no entanto, julgava-se que a estrutura em
opus signinum, ladeada por um murete, com uma largura de seis metros, fosse uma estrada ou parte do porto.
Em 1994, nas obras de expansão da rede, identificou-se um novo troço a 6,5 metros de profundidade - a
spina, a barreira que constitui o elemento central dos circos romanos. Identificou-se igualmente um plinto (base de um pilar ou, no caso, possivelmente de uma estátua) e exumou-se parte da
arena. Um fragmento de
cerâmica de terra sigillata hispânica do século II d.C. ajudou a datar o
circo.
O tabuleiro em
opus signinum era largo, estava ladeado por dois muros e fazia parte de um complexo que incluía bacias de água decorativas (
euripus), mas também com uma função prática (talvez para os cavalos se refrescarem). Do lado de fora, a barreira era revestida por materiais nobres, que incluíam a placa rosada de mármore encontrada pelos investigadores junto ao muro.